O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a definir um prazo para avaliar os esforços diplomáticos voltados ao fim da guerra na Ucrânia. Em entrevista ao programa The Todd Starnes, nesta quinta-feira (21), Trump afirmou que espera ter clareza sobre a viabilidade de um caminho para a paz em duas semanas.
“Lo sabremos em duas semanas, de uma maneira ou outra. Passado esse tempo, talvez tenhamos que adotar um enfoque diferente”, disse, sem detalhar quais seriam as medidas caso o prazo não gere resultados concretos.
A declaração ocorre após uma semana de intensa atividade diplomática. Na sexta-feira passada, Trump se reuniu com o presidente russo, Vladimir Putin, em Anchorage, no Alasca, e na segunda-feira, recebeu na Casa Branca o presidente ucraniano, Volodímir Zelensky, junto a líderes europeus. Apesar das expectativas, o encontro com Putin não trouxe avanços, já que o Kremlin mantém a exigência de que a Ucrânia ceda territórios ocupados, incluindo Donetsk e Crimea, posição rejeitada por Kiev.
Após a reunião em Washington, Zelensky criticou a postura russa. “Rússia está tentando evitar a necessidade de se encontrar, não quer acabar com a guerra”, afirmou. Por sua vez, Moscou acusou Kiev de buscar “garantias de segurança incompatíveis com nossas demandas”, reforçando que a principal barreira para qualquer acordo continua sendo a recusa russa em abandonar suas pretensões territoriais.
Trump, alternando entre o tom diplomático e a retórica de pressão militar, também incentivou a ofensiva ucraniana: “É muito difícil, se não impossível, ganhar uma guerra sem atacar um país invasor”, declarou.
Na Europa, as discussões sobre a cúpula de Washington giraram em torno das garantias de segurança que a Ucrânia considera essenciais para qualquer acordo de paz, incluindo um modelo semelhante ao artigo 5º da OTAN, que prevê resposta coletiva em caso de ataque a um membro.
Enquanto isso, a guerra de desgaste segue cobrando um alto preço de Ucrânia. Segundo a ONU, milhões de deslocados internos e centenas de milhares de vítimas marcam o impacto humanitário do conflito. Rússia, apesar de apresentar suas operações como defensivas, mantém ataques a infraestrutura energética e áreas civis, em violação ao direito internacional humanitário.
Nos bastidores, legisladores americanos, tanto republicanos quanto democratas, concordam que qualquer acordo que comprometa a integridade territorial da Ucrânia seria inaceitável. Entretanto, Trump sinaliza a possibilidade de concessões a Putin, em um momento em que a pressão internacional se concentra em responsabilizar a Rússia por crimes de guerra e fortalecer o apoio militar a Kiev.
Em Moscou, a narrativa oficial segue retratando Putin como disposto ao diálogo, mas sempre em uma posição de fatos consumados no campo de batalha. Zelensky resumiu o cenário: “Não querem a paz, querem legitimá-la à sua maneira”.
O horizonte definido por Trump mantém a incerteza. Caso não haja avanços nas próximas duas semanas, o presidente norte-americano pode optar por intensificar a pressão, enquanto Moscou parece disposta a prolongar o conflito enquanto avaliar que consegue resistir às sanções e manter a iniciativa militar.
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