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Trump x Lula: entenda cronologia da crise entre EUA

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Investida de Trump acirra embate entre Lula
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A frágil relação entre Brasil e Estados Unidos, desde o início do segundo mandato de Donald Trump, ganhou contornos dramáticos e virou uma crise diplomática entre os dois países, após o presidente norte-americano anunciar a tarifa de 50% sobre exportações brasileiras por razões políticas.

Ao anunciar a tarifa de 50% sobre as exportações brasileiras, o líder norte-americano deixou claro que a decisão foi tomada não só por aspectos econômicos, como o déficit inexistente dos EUA na balança comercial com o Brasil. A taxa, segundo Trump, é uma retaliação direta contra o julgamento de Jair Bolsonaro (PL), réu em ação penal que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre suposta tentativa de golpe de Estado em 2022.

Na carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), por meio da qual a tarifa foi anunciada, Trump disse que aumentou a taxa contra o Brasil por conta de “ataques insidiosos”
às eleições livres no país. No documento, enviado poucos dias após a realização da cúpula do Brics no Rio de Janeiro, o presidente dos EUA voltou a criticar o julgamento de Bolsonaro e afirmou que a ação deve ser interrompida.

Veja a cronologia da crise

6 de julho 

Enquanto lideranças do Brics se reuniam na cúpula anual do bloco, realizada no Rio de Janeiro, Trump fez a primeira ameaça indireta contra o Brasil. Na rede social Truth, o presidente dos EUA ameaçou aplicar tarifas de 10% aos países que se alinhassem ao que chamou de “políticas antiamericanas”.

7 de julho

Depois de ameaçar os Brics, Trump voltou os olhos para Jair Bolsonaro (PL), réu em ação penal que tramita no STF. Apesar das investigações contra o ex-presidente e as conclusões da Polícia Federal (PF) e da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre o caso, Trump afirmou que Bolsonaro “não é culpado de nada”.

9 de julho

Assim como era esperado por parte da oposição brasileira, Trump agiu contra o Brasil após articulações do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL), com autoridades norte-americanas.

Em carta, o mandatário republicano anunciou a tarifa de 50% sobre exportações de produtos do Brasil para os EUA. Diferentemente de medidas semelhantes contra outros países, a decisão não foi motivada apenas por fatores econômicos, e teve um plano de fundo político que envolve Bolsonaro.

“A forma como o Brasil tem tratado o ex-presidente Bolsonaro, um líder altamente respeitado em todo o mundo durante seu mandato — inclusive pelos Estados Unidos — é uma vergonha internacional. Esse julgamento não deveria estar acontecendo. É uma caça às bruxas que deve acabar IMEDIATAMENTE!”, escreveu Trump na carta que anunciou a tarifa contra o Brasil.

As falas de Trump sobre o julgamento de Bolsonaro, vistas como uma clara tentativa de interferência no judiciário brasileiro, provocaram a convocação do encarregado de negócios da embaixada dos EUA no Brasil, Gabriel Escobar, pelo governo brasileiro para dar explicações.

Mesmo com a decisão, que pode afetar diretamente a economia brasileira, Bolsonaro alegou que o “alerta foi dado” e pediu que os Poderes do Brasil agissem com “urgência” no sentido de atender as demandas de Trump.

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Carta de Trump a Lula

Reprodução/Truth Social
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Carta de Trump a Lula

Reprodução/Truth Social
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Presidente dos EUA, Donald Trump

Andrew Harnik/Getty Images
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Trump defende Bolsonaro e Lula reage

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Trump e Jair Bolsonaro

Chris Kleponis-Pool/Getty Images

11 de julho

Ao falar pela primeira vez sobre a medida contra o Brasil, Trump voltou a defender Bolsonaro, a quem chamou de “muito honesto” e que “ama o povo brasileiro”.

Questionado sobre uma possível conversa com o presidente Lula, com o objetivo de negociar a situação, o líder norte-americano afirmou que tal reunião teria chances de acontecer, mas não naquele momento.

12 de julho

Em meio a articulações com autoridades e empresários do Brasil, o governo Federal lançou uma campanha publicitária em resposta a medida de Trump.

Sob o lema “Brasil soberano”, a ação do governo Lula criticou a decisão norte-americana, e afirmou que um “país soberano não baixa a cabeça para outros países”.

13 de julho

Bolsonaro admitiu, pela primeira vez, que a medida de Trump em seu apoio poderia causar impactos negativos ao Brasil. No entanto, o ex-presidente, inelegível até 2030 por abuso de poder político e econômico, disse que a solução para a crise estava nas mãos das autoridades brasileiras. Na ocasião, ele voltou a insistir em uma anistia ampla aos participantes dos atos golpistas de 8 de janeiro de 2022 – que também o beneficiaria.

14 de julho

Cinco dias após o anúncio da medida econômica com fundo político, o governo dos EUA voltou a ameaçar o Brasil, por meio da chancelaria do país, em comunicado divulgado no X pelo subsecretário do Departamento de Estados norte-americano, Darren Beattie.

Na mensagem, o funcionário da diplomacia norte-americana afirmou que Trump impôs uma retaliação “há muito esperada” contra o Brasil, motivada pelas ações do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Além disso, Beattie afirmou que os EUA observavam “atentamente” o Brasil.

Como resposta, o presidente Lula regulamentou a Lei da Reciprocidade, que abre margens para o governo federal adotar ações comerciais em resposta a decisões unilaterais contra o Brasil, como a tarifa de 50% de Trump.

15 de julho

Com base na Seção 301 da Lei Comercial dos EUA, o governo Trump iniciou uma investigação contra o Brasil.

Segundo o Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR), a ação busca investigar supostas práticas comerciais desleais do Brasil em relação ao país. Na investigação, o governo norte-americano citou o Pix e a 25 de Março como exemplos de práticas que estariam prejudicando a economia dos EUA.

17 de julho

Após inúmeras falas em defesa de Bolsonaro, Trump enviou uma carta direta para o ex-presidente brasileiro.

Na correspondência, encaminhada por meio da rede social Truth, o líder norte-americano se disse “preocupado com os ataques à liberdade de expressão” no Brasil vindos do atual governo, e classificou Bolsonaro como vítima de um “sistema injusto”.

imagem colorida de Donald Trump envia carta para Jair Bolsonaro, e exalta o ex-presidente do Brasil
Donald Trump envia carta para Jair Bolsonaro

Horas depois, Lula fez um pronunciamento em rede nacional, onde apresentou as ações do governo federal para contornar a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, e classificou a medida de Trump como uma “chantagem inaceitável”.

18 de julho

Como vinha argumentando há alguns dias, Alexandre de Moraes apontou a aproximação entre Trump e Bolsonaro como uma tentativa de interferência no sistema judiciário brasileiro.

Por isso, o ministro do STF autorizou uma operação de busca e apreensão da Polícia Federal (PF) contra o ex-presidente.

Além disso, Moraes determinou medidas cautelares contra o ex-presidente, sob a alegação de que Bolsonaro poderia fugir do Brasil para escapar da Justiça. Entre elas, o uso de tornozeleira eletrônica e proibições, como o uso de redes sociais e contatos com embaixadas e seu filho, Eduardo Bolsonaro.

Em resposta, o governo dos EUA determinou a suspensão de vistos de Moraes, de aliados do STF e familiares próximos de todos eles.

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