Contexto dos repasses sob suspeita
Quando o ministro Flávio Dino tornou pública a lista dos 20 maiores repasses de emendas pix sob suspeita em 2024, um dado chamou atenção pela dimensão e pela distância em relação aos demais municípios: Tucano, no Nordeste baiano, aparece em primeiro lugar, concentrando quase R$ 20 milhões que agora serão investigados pela Polícia Federal.
O movimento amplia o caráter político do caso, já que o prefeito de Tucano é filho do deputado federal Ricardo Maia (MDB-BA). Esse vínculo passa a compor a análise de bastidores que envolve a lista, o controle de recursos e o impacto dentro da articulação regional do MDB.
Tucano: quase R$ 20 milhões no topo da lista
Segundo a decisão assinada por Dino nesta segunda-feira (8), Tucano recebeu R$ 19.028.311,00, distribuídos em cinco Planos de Ação. O valor é o maior entre todos os municípios listados e praticamente triplica o repasse destinado ao segundo colocado.
Esse volume torna Tucano um caso central na investigação, especialmente diante das conclusões apresentadas pela auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU).
Falhas apontadas pelo TCU e motivos da investigação
A auditoria identificou:
Falhas generalizadas nos processos de execução; Ausência de rastreabilidade dos recursos; Descumprimento de etapas previstas nos planos de trabalho.
De acordo com Dino, os problemas reforçam a existência de “ilegalidades persistentes” no uso das emendas pix. O ministro afirma que os indícios se repetem mesmo após decisões do STF que reforçaram exigências de transparência na execução orçamentária.
Para evitar “embaraços indevidos” em instâncias inferiores, Dino determinou que todos os inquéritos relacionados ao tema passem a tramitar diretamente no Supremo Tribunal Federal.
Peso político do caso em Tucano
O deputado federal Ricardo Maia (MDB) ampliou sua influência na região a partir da capacidade de destravar recursos federais, especialmente via emendas pix, que se consolidaram como uma das principais moedas de articulação entre parlamentares em Brasília.
Com Tucano liderando, com folga, o ranking dos repasses sob auditoria, o episódio deixa de ser apenas técnico e passa a ter consequências políticas diretas. O caso se torna assunto de bastidor dentro do MDB e altera o tabuleiro político no Nordeste.
Comparação com outros municípios da lista
Os demais municípios que completam a lista totalizam R$ 72.328.526,00. Todos aparecem com valores relativamente próximos entre si, enquanto Tucano opera em outra escala, abrindo a relação com uma vantagem superior a R$ 12 milhões sobre o segundo colocado.
Essa discrepância reforça a atenção do Ministério da Justiça e da Polícia Federal sobre os repasses destinados ao município.
Conclusão: impacto nacional e próximos passos
O relatório do TCU e a decisão de Flávio Dino ampliam a visibilidade de Tucano no cenário nacional. O caso combina três elementos sensíveis:
Volume expressivo de recursos; Falhas graves de execução apontadas pela auditoria; Repercussão política envolvendo um parlamentar influente do MDB.
Com a abertura da investigação na Polícia Federal e o encaminhamento dos inquéritos ao STF, o município passa a ocupar posição central no debate sobre transparência, execução orçamentária e uso de emendas pix.
DA REDAÇÃO DO EUCLIDES DIÁRIO
*Com informações de política e bastidores
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