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Uma trapalhada obrigará o governo a lutar por Adolfo na Assembleia até o final, por Raul Monteiro*

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Uma trapalhada obrigará o governo a lutar por Adolfo na Assembleia até o final, por Raul Monteiro*

Foto: Vaner Casaes/ALBA/Arquivo
O deputado Adolfo Menezes foi reeleito para um terceiro mandato no comando da Casa 06 de fevereiro de 2025 | 07:26

Uma trapalhada obrigará o governo a lutar por Adolfo na Assembleia até o final, por Raul Monteiro*

Vai custar caro ao governo a trapalhada do seu líder na Assembleia Legislativa, o deputado Rosemberg Pinto (PT), que resultou na eleição da colega Ivana Bastos, do PSD, para a primeira vice-presidência da Casa. Se não tivesse envolvido os principais líderes petistas no Estado, entre os quais o governador Jerônimo Rodrigues, na conversa de que chegara a hora de o partido comandar também o Legislativo e de que ele era o “ungido” para executar a tarefa, provavelmente o desfecho da disputa pelo comando do Legislativo assumiria outro contorno, de muito menos risco para o Executivo.

Como se sabe, o deputado Adolfo Menezes (PSD) foi reeleito para um terceiro mandato à presidência na onda da imensa popularidade entre os colegas e do grande respeito junto ao governador e os aliados que reforçou por mérito de comportamento nestes quatro anos em que comanda o Legislativo, mas sob um direito à segunda reeleição que pode ser contestado judicialmente e custar-lhe o mandato. De olho na possibilidade de Adolfo “cair” depois de eleito, Rosemberg armou sua candidatura à primeira vice-presidência à espreita de que finalmente o grande dia chegasse para, representando o PT, sucedê-lo.

Não contava, no entanto, com a reação do senador Angelo Coronel (PSD), que não só viu na estratégia do petista um “cheiro de golpe”, como, em reação, preparou a candidatura também à primeira vice-presidência de um dos herdeiros, o deputado Angelo Coronel Filho (PSD), de olho na força e influência que sua eventual ascensão ao cargo de presidente da Assembleia poderia significar para se manter como candidato à reeleição ao Senado na chapa a ser liderada pelo governador em 2026. É de domínio público o quanto os deputados sempre resistiram a duas ideias na Casa.

A primeira delas, retratando uma birra antiga – de antes de o partido passar a controlar o governo mas motivada pela história de sua conduta radical -, de oposição à possibilidade de o PT comandar a Assembleia. A segunda, justificável para quem acha que todo poder tem que ser moderado, contrária a que um mesma legenda que governa o Executivo passe a governar também o Legislativo. Por este motivo, era mais do que concreta a chance de na disputa pela primeira vice o filho do senador Coronel acabar levando a melhor. Para evitar uma derrota para ele, governo e Rosemberg tiveram que recuar.

Foi assim que acabou surgindo a “solução” Ivana, para agrado especialmente do senador Otto Alencar, cacique do PSD na Bahia que apoia a candidatura dela desde o princípio, construída, no entanto, pela pressão que Coronel colocou sobre o governo e o PT com o nome do filho. De temperamento forte, destemida e partidária é ela hoje a primeira figura na linha de sucessão no Legislativo. A gratidão que Ivana passou a devotar a Coronel por ter, por linhas cruzadas, colocado seu nome na mesa diretora pode até ser um incentivo para que, como faria o filho dele, o apóie ao Senado em 2026. Portanto, melhor o governo trabalhar para não deixar Adolfo cair.

*Artigo do editor Raul Monteiro publicado na Tribuna de hoje.

Raul Monteiro*



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