Trump e Zelenski se encontram pela terceira vez na Casa Branca 17 de outubro de 2025 | 17:45
Zelenski diz ser momento para fim da guerra e pede envio de mísseis a Kiev em 3ª reunião com Trump na Casa Branca
Em seu terceiro encontro com Donald Trump na Casa Branca, o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, parabenizou o americano pelas tratativas que levaram ao cessar-fogo na Faixa de Gaza e afirmou que este é um bom momento também para o fim da Guerra da Ucrânia, em curso desde fevereiro de 2022.
Depois, em reunião a portas fechadas, discutiu com Trump o fornecimento dos EUA a Kiev dos poderosos mísseis de cruzeiro Tomahawk e teria mostrado a ele um mapa com alvos russos em potencial, segundo integrantes da delegação ucraniana ouvidos pela agência de notícias AFP.
Trump, por sua vez, não se comprometeu com o envio dos Tomahawk. E minutos depois do encontro, escreveu numa rede social ter dito ao ucraniano que “é hora de fazer um acordo”.
Com paletó preto e sem a sua usual vestimenta de inspiração militar, Zelenski chegou à Casa Branca às 14h30 (de Brasília). Logo em suas primeiras falas, o ucraniano foi enfático sobre o que chamou de “momentum” para encerrar a guerra. A janela seria proporcionada pelo acordo para cessar-fogo em Gaza assinado por Trump na última segunda-feira (13).
“O presidente Trump tem uma grande chance [para negociar a paz na Ucrânia]”, disse ele, reconhecendo, contudo, dificuldades para se chegar a um acordo. “Nós queremos isso. [Vladimir] Putin não quer”.
Trump disse acreditar que pode negociar o fim da guerra. Ele inclusive voltou a afirmar que teve papel fundamental para a resolução de oito conflitos no mundo desde que retornou à Presidência, em janeiro, uma fala exagerada que explorou em sua campanha pelo Nobel da Paz. Mas evitou responder se Putin, o presidente da Rússia, tem negociado de boa-fé.
Trump ainda tergiversou sobre o envio à Ucrânia dos mísseis Tomahawk, que podem atingir quase 2.000 alvos militares, 76 bases e todas as cidades importantes na Rússia europeia. “Nós precisamos dos Tomahawk”, disse o americano, voltando a insinuar que não pretende, por ora, atender aos apelos de Kiev
Ele disse ainda que parte da produção já foi enviada às forças ucranianas. Zelenski, por sua vez, rebateu dizendo que os EUA têm uma “produção muito forte” e sugeriu que Kiev poderia retribuir o apoio oferecendo drones feitos na Ucrânia, cuja fabricação cresce em ritmo acelerado a cada ano.
Trump, em seguida, voltou a expressar dúvidas e mencionou a possibilidade de o conflito agravar. “Preferimos que eles não precisem dos Tomahawk”, disse ele, ponderando que o tema ainda será discutido. “São uma arma muito poderosa, mas também muito perigosa. E isso pode significar uma grande escalada. Pode significar que coisas ruins podem acontecer. Os Tomahawks são um problema”.
O tom cauteloso contrasta com o otimismo demonstrado no início da semana, quando ele disse que estava pronto para enviar as armas. Também ocorreu um dia após Trump falar com Putin por telefone. O republicano afirmou que houve “progressos significativos” e “conversa produtiva” sobre um cessar-fogo.
Na véspera do encontro com Zelenski, Trump ainda anunciou que voltará a se reunir, dentro de algumas semanas, com Putin numa nova cúpula. Segundo o americano, ele e ucraniano discutiriam a ligação que ele teve com o russo no dia anterior. “Acho que o presidente Zelenski quer um acordo, e o presidente Putin também quer. Agora só precisam se entender um pouco”, afirmou. “Acho que as coisas estão indo bem.”
Trump também comentou um projeto apresentado por um representante do Kremlin para a construção de um túnel ferroviário ligando a Rússia aos EUA sob o estreito de Bering. A obra seria batizada de “Túnel Putin-Trump” e permitiria a exploração conjunta de recursos naturais no Ártico. E provocou risadas ao perguntar a opinião do ucraniano sobre o assunto. “Não fico feliz com isso”, respondeu Zelenski.
O clima do encontro entre Putin e Zelenski foi cordial, diferentemente da primeira reunião entre os dois na Casa Branca, em fevereiro, quando eles tiveram um bate-boca acalorado em frente à imprensa. “Acho que ele está lindo com esse paletó”, disse Trump sobre o traje de Zelenski. “É um visual estiloso. Eu gostei”.
O encontro ocorreu na sala de reuniões do gabinete, com os dois líderes sentados frente a frente. Do lado americano estavam o vice-presidente, J.D. Vance, os secretário do Tesouro, Scott Bessent, de Estado, Marco Rubio, e de Defesa, Pete Hegseth.
O novo encontro entre Trump e Putin, ainda sem data definida, deverá ocorrer na Hungria, país cujo premiê, Viktor Orbán, é próximo da Rússia. Mais cedo nesta sexta, o líder russo conversou com Orbán por telefone. Durante a ligação, o húngaro afirmou que seu país está pronto para oferecer as condições necessárias à realização da cúpula, reforçando o papel de Budapeste como um dos poucos integrantes da União Europeia que mantém relações próximas com o Kremlin.
Questionado por jornalistas após a reunião se está mais ou menos otimista em relação ao envio dos mísseis Tomahawk, Zelenski se limitou a dizer que é realista, uma resposta evasiva e que indica pouco entusiasmo com a possibilidade. Em sua rede social, a Truth Social, Trump disse ter sugerido a Zelenski, assim como tem feito com Putin, a assinatura de um acordo para a paz.
Renan Marra/Folhapress
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