Caixa Asset destitui diretor-presidente envolvido em polêmica com Banco Master

Caixa Asset destitui diretor-presidente envolvido em polêmica com Banco Master

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil/Arquivo
Caixa Econômica Federal 02 de novembro de 2024 | 14:21

Caixa Asset destitui diretor-presidente envolvido em polêmica com Banco Master

A Caixa Asset, braço de investimento da Caixa Econômica Federal, anunciou na noite desta sexta-feira (1º) que destituiu o diretor-presidente da instituição, Pablo Sarmento. O executivo foi alvo de denúncias de abuso de poder e assédio moral, em casos que estavam em análise pela corregedoria da empresa, e recentemente esteve ligado a uma operação questionada com o Banco Master.

A companhia informou que Heitor Souza Cunha, diretor de distribuição e produto, ocupará interinamente a presidência, mas não detalhou o motivo específico da destituição de Sarmento. A reportagem não conseguiu contato com o executivo.

Em julho, a Caixa Asset tirou o cargo de três funcionários que se posicionaram contra a compra de R$ 500 milhões em letras financeiras (um título de dívida) do Banco Master, uma operação proposta por Sarmento. Entre as razões para os profissionais serem contrários ao negócio estava o risco reputacional para o banco público.

O risco existia porque um dos sócios do Banco Master, Mauricio Quadrado, foi citado em delação premiada do ex-superintendente nacional da Caixa, Roberto Madoglio, por ter supostamente pago propina para viabilizar uma operação do FI-FGTS, fundo de investimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço gerido pela Caixa.

“Essa delação que aventou essa hipótese já foi arquivada pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região, inclusive com parecer favorável do Ministério Público Federal, órgão responsável por formalizar acusações criminais”, disse Hugo Leonardo, advogado de Quadrado, em agosto.

Em setembro, a Folha informou que Quadrado estava em vias de vender sua participação no banco. Ele ainda aparece no site da instituição.

Depois da saída dos funcionários, a operação se tornou alvo de questionamentos no TCU (Tribunal de Contas da União) que, ainda em julho, pediu explicações à Caixa Asset. Em outubro, a área técnica do órgão concluiu que a companhia falhou nas diligências realizadas para analisar a compra dos papéis.

Na sua defesa ao TCU, a Caixa Asset alegou que os afastamentos dos gestores após a posição contrária ao negócio aconteceram por “interesse da administração” baseado na performance dos funcionários. O TCU, no entanto, avaliou que “os motivos alegados para a dispensa dos gerentes podem não refletir os reais fundamentos da decisão, logo, não é possível descartar a hipótese de represália”.

Quando o caso foi revelado, o Banco Master afirmou que “as alegações contra os executivos citados são inverídicas e os eventos mencionados não possuem qualquer relação com as operações do banco”. Procurado pela Folha em outubro, quando o TCU divulgou o parecer, o banco reafirmou essa declaração.

Sarmento, agora destituído, foi aprovado para o cargo pelo Conselho de Administração da Caixa em dezembro de 2023. Sua gestão foi alvo de denúncias na corregedoria da empresa. Foram pelo menos 25 reclamações, a maioria por abuso de poder e assédio moral.

São situações nas quais Sarmento teria pressionado por operações específicas, como a envolvendo o Banco Master. Em dois outros casos que chamaram a atenção de técnicos da empresa e estavam sob análise da corregedoria, o problema estava no valor cobrado pelas corretoras para realizar a compra dos ativos.

O nome técnico desse valor é spread, a diferença entre o preço do papel e o valor que é pago pela Caixa Asset. Nas duas situações, apurou a Folha, essa diferença era muito alta, o que inviabilizava a operação. A área técnica vetou os dois negócios, que foram feitos depois com o spread normal dos negócios realizados na companhia.

Em agosto, quando informações sobre essas denúncias surgiram, a Caixa afirmou que ela e suas subsidiárias “operam em conformidade com rigorosas normas de compliance e governança” e que não poderia dar mais informações por questões de sigilo.

Lucas Marchesini e Helena Schuster/Folhapress



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