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ONG alemã envolvida com ararinhas-azuis opera no Brasil mesmo após polêmicas milionárias

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Curaçá (BA) – A ACTP (Association for the Conservation of Threatened Parrots), ONG alemã fundada em 2006 por Martin Guth, segue ativa no Brasil mesmo um ano após o término do acordo com o governo federal. A instituição, que já chegou a controlar cerca de 90% das ararinhas-azuis (Cyanopsitta spixii) no mundo — hoje dominando aproximadamente 75% dos indivíduos registrados — está sob críticas por transações milionárias com a espécie, uma das mais raras do planeta  

💰 Transações controversas

Laudos apontam que a ACTP realizou ao menos uma venda por € 75 mil (cerca de R$ 470 mil) por ararinha — especula-se que valores superem os R$ 1,9 milhão em negócios de grande escopo, envolvendo criação privada e transferência internacional sem consulta ao Brasil

Além disso, 26 aves foram enviadas a um zoológico na Índia, pertencente a um bilionário do setor petroquímico, motivando o ICMBio a encerrar o convênio em maio de 2024, por considerar o ato “comercial fora do escopo de conservação”  

Novo projeto, mesmos atores

Após o rompimento com o governo federal, a responsabilidade pela reintrodução da ararinha-azul em Curaçá (BA) foi assumida pela empresa brasileira Blue Sky, vinculada à ONG alemã. Liderada por Ugo Vercillo, ex-servidor do ICMBio, a Blue Sky administra o criadouro na Fazendo Concórdia. Apesar de não haver contrato formal, a ACTP continua envolvida — inclusive com um funcionário coordenando o trabalho local  

O ICMBio confirmou que seu setor de correição investiga possível conflito de interesse em relação à mudança de Vercillo do serviço público para atuação na Blue Sky .

Ações de conservação mantidas

Apesar das polêmicas, o ICMBio mantém autorização para que a ACTP prossiga com o programa de soltura de ararinhas na Caatinga. Até agora, 20 indivíduos foram reintroduzidos em 2022, e outras 20 devem ser liberadas ainda em 2025 

Atualmente, o programa permanece dependente do apoio da ACTP: o Brasil só dispõe de 27 ararinhas em cativeiro, no Zoológico de São Paulo — um número insuficiente para sustentar solturas sem suporte alemão  

Investigações em andamento

O MPF na Bahia confirmou existir uma investigação sigilosa, motivada por denúncias da Renctas (Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres), contra a Blue Sky e a ACTP. Denúncias anteriores sobre compra da fazenda e conflito de interesse já foram arquivadas 

🔍 Conclusão

A ACTP permanece envolvida no programa de conservação das ararinhas-azuis, mesmo após o fim do contrato com o Brasil — mas agora por meio de uma empresa brasileira. Há dúvidas sobre a transparência das transações, os valores envolvidos e o potencial conflito de interesse. As investigações em curso pelo ICMBio e MPF serão fundamentais para esclarecer o real impacto dessas negociações na conservação da espécie.

Fontes: Folha de S.Paulo/Süddeutsche Zeitung: “ONG alemã que opera no Brasil faz transações milionárias com uma das aves mais raras do mundo” 


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